SÃO LUÍS - O silêncio pode ser estratégia, mas também pode ser omissão. E no caso de Eduardo Braide (PSD), atual prefeito de São Luís, o silêncio que um dia foi interpretado como jogo político começa a parecer recuo calculado. A análise foi publicada pelo blog do jornalista Marco Aurélio D’Eça, sob o título provocativo: “Entrou mudo e deve sair calado.
Ainda que figure bem nas pesquisas de intenção de voto para o Governo do Estado em 2026, Braide acumula problemas que tornam sua candidatura cada vez menos provável, e seu nome, cada vez mais ausente das rodas políticas com viabilidade real.
De acordo com o blog, a recente queda nas pesquisas da Vox Brasil é apenas a ponta do iceberg. Os desafios mais profundos são de natureza política e administrativa. Braide não conseguiu formar uma base aliada consistente, nem dialogar com a classe política estadual. Sua gestão à frente da capital, marcada por distanciamento e falta de articulação, começa a cobrar um preço alto para qualquer passo maior.
Internamente, o cenário também é desfavorável. A relação com a vice-prefeita Esmênia Miranda é apontada como frágil, e há rumores de que a família dela não apoiaria uma eventual renúncia do prefeito em abril de 2026. Ou seja: Braide pode até tentar sair, mas não sabe se terá para onde voltar.
Do outro lado, o governador Carlos Brandão (PSB) segue avançando com uso firme da máquina estadual, tornando o jogo ainda mais difícil para quem está isolado.
Há até quem fale em uma aproximação de Braide com o grupo dinista, hipótese que, segundo Marco Aurélio D’Eça, esbarra na própria vontade (ou falta dela) do prefeito: “Mas Braide vai querer?”, questiona o jornalista.
O fato é que, desde 2024, Braide nunca confirmou oficialmente qualquer pretensão ao governo. Preferiu manter-se em silêncio, o que até garantiu visibilidade em um primeiro momento. Mas hoje, essa postura de indefinição começa a minar sua força. Eleitores se cansam, aliados se dispersam, adversários crescem, e Braide permanece parado, como se esperando que algo aconteça por si só.
A janela para renúncia se fecha em nove meses. Mas, ao que tudo indica, Braide pode não abrir nenhuma. Se continuar do jeito que está, o prefeito de São Luís deve mesmo sair da disputa da mesma forma que entrou: calado.